quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cynthia 15




E de repente pegou-se ali, fitando o nada, tentando imaginar como seria o mundo sem ele. Desde que soubera da internação de Limali, sua mente não parava de ir e vir, vendo e revendo cenas e mais cenas vividas. Inúmeras encarnações passavam, iam e vinham sem ordem cronológica ou algo parecido; apenas apareciam e desapareciam, sem que ela tivesse o menor controle sobre elas. Cynthia dava-se conta que uma história fica gravada na alma de quem a vive, nesses momentos cruciais temos essa percepção; ela percebia agora que as banalidades não têm peso e que a história em si tem uma conotação mais profunda do que ela podia mensurar e que controlar esse fato é simplesmente impossível.

A voz fraca e sem vitalidade que vinha através do telefone apenas havia confirmado sua intuição. Limali estava fraco e doente, pedindo que ela fosse vê-lo.  Cynthia não sabia o que pensar ou sentir depois que desligou o telefone. Um misto de dor, medo, compaixão e covardia a tomou por completo.  Fez uma oração e foi para o banho antes de sair e ir trabalhar. O fato de ter um dia cheio iria ajudar a não pensar naquilo tudo. E assim ela fez. Trabalhou, resolveu coisas na rua e só voltou para casa no início da noite, cansada e com frio, pois uma chuva fina começou a cair de repente, anunciando o Outono que se aproximava, apesar de o Sol ainda estar em Peixes.

Depois de um longo e relaxante banho, Cynthia preparou algo leve para jantar e foi para o quarto. Tentou escrever, leu alguns textos interessantes que foi achando aleatoriamente na internet. Volta e meia o pensamento voltava ao telefonema e àquela voz sem ânimo. Cansada e com sono, Cynthia dormiu.

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