domingo, 16 de maio de 2010

Cynthia 5

  


   Uma crise alérgica fez Cynthia se levantar as quatro e pouco da madrugada. Tomou um antialérgico e abriu a janela, estava sufocada apesar do frio. A noite estava gelada e linda, com um céu estrelado e muita neblina, prenúncio de um lindo Domingo dali há algumas horas.
    Olhou para a piscina e se lembrou de seu filhote, Marcelinho e de tantas brincadeiras em meio à boias e bolas e super heróis, que fizeram naquelas águas. Seu coração se enchia de um misto de amor e pesar quando pensava naqueles dias vividos enquanto mãe. Com certeza, de tudo o que havia vivido e passado ao lado de Limale, a incursão pela maternidade havia sido um brinde divino naqueles áridos anos. Um oásis naquele deserto.
   Em seu íntimo sabia que aquele assunto era seu ponto fraco. Alvo das mais belas lembranças e sensações e, paradoxalmente, motivo de tristeza e saudades. Para amenizar um pouco essa dor, tentava imaginar que Marcelinho morava longe dela, em outro país, o que os impedia de se verem. Era assim que ela tentava ludibriar o aperto que sentia no coração cada vez que se lembrava de tantos momentos juntos. 
   Algumas lágrimas rolaram com aquelas doces lembranças. Lágrimas de amor e de saudades. Nostalgia. Abriu o lap top e tentou escrever, mas não conseguiu. Não sobre aquele assunto.  Sentia como se não pudesse ainda falar sobre isso, como se fosse um tabu a ser quebrado. Precisaria de mais tempo até estar pronta em relação a esses sentimentos, até poder falar sobre eles. Mas isso não seria problema, já que tinha tantas outras coisas ainda a serem digeridas, tantos sentimentos a serem curados.
   Foi até a cozinha e fez um chá, que tomou enquanto fumava e escrevia, na tentativa de anestesiar a dor que aquela lembrança havia causado. Depois foi dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário